[17 dias para o Switch 2] A volta da Nintendo ao Brasil [parte 2]
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Seguimos nossa série especial sobre a presença da Nintendo em solo brasileiro, agora em contagem regressiva para a chegada do tão aguardado Switch 2.
Caso você tenha perdido a matéria de ontem, basta clicar aqui e conferir os detalhes sobre a saída da Nintendo do Brasil em 2015, uma decisão motivada por um cenário econômico desfavorável e por obstáculos logísticos que dificultaram a continuidade das operações por aqui.
Hoje, damos um salto temporal de cinco anos e meio, até setembro de 2020, para entender melhor o que levou a empresa a retomar oficialmente sua atuação no país. O que mudou de lá pra cá? Quais foram os fatores que incentivaram esse retorno? E, afinal, como está a presença da Nintendo no Brasil atualmente?
Vem com a gente acompanhar mais esse capítulo da história da Big N em terras brasileiras!
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A volta
Depois de encerrar suas atividades oficiais em 2015, alegando dificuldades logísticas e um ambiente de negócios desfavorável, a Nintendo deixou o mercado nacional completamente abandonado — pelo menos de forma oficial. Ainda era possível adquirir produtos da empresa por meios alternativos, como o Mercado Livre e pelas finadas lojas Big Boy Games e Cogumelo Shop. Essas, aliás, enfrentaram diversos problemas em seus anos finais, com relatos frequentes de atrasos, falta de estoque e até entregas não realizadas.
Mesmo com a ausência da Big N, o desejo de jogar seus títulos continuava forte. O fato de o Nintendo Switch permitir acesso a eShops de outros países ajudou bastante: bastava criar uma conta em outra região e fazer as compras digitais normalmente. Ainda assim, faltava um peso maior por aqui. Os preços das mídias físicas eram, na época, verdadeiras loucuras — e a experiência de compra, especialmente em lojas paralelas, vinha se tornando cada vez mais frustrante para os consumidores.
E foi nesse cenário de instabilidade que, no dia 18 de setembro de 2020, a Nintendo anunciou seu retorno oficial ao Brasil. Isso mesmo: em pleno auge da pandemia, a empresa decidiu retomar suas operações no país.
Mas… como assim? O que mudou em cinco anos? Na teoria, o momento não deveria ser ainda pior?
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Entendendo o cenário
Segundo dados publicados pela USP em 2023, o setor global de jogos eletrônicos movimentou mais de US$ 196,8 bilhões em 2022, de acordo com projeções da PwC. A pandemia foi um dos principais catalisadores desse crescimento, tanto por popularizar o trabalho remoto quanto por manter as pessoas em casa, o que levou a um aumento expressivo no número de jogadores.
E o perfil desses jogadores também mudou. A ideia de que videogame é “coisa de criança” ficou para trás. Conforme pesquisa da Euromonitor, 21% dos idosos acima de 60 anos jogam videogames com frequência, reforçando que o público gamer é cada vez mais plural e diverso.
Essa transformação não se restringe ao consumo. A indústria brasileira de desenvolvimento de jogos também acompanhou esse crescimento global. A 9ª edição da Pesquisa Game Brasil (PGB) constatou um aumento de 169% no número de estúdios nacionais entre 2018 e 2022, saltando de 375 para mais de mil.
Ricardo Nakamura, professor da Escola Politécnica da USP, destaca que a migração para a distribuição digital foi determinante nesse cenário. “Na medida em que grande parte dos jogos digitais é distribuída pela internet, não mais no pacote físico… a gente vê essa expansão”, afirma.
Hoje, o Brasil é o maior mercado de games da América Latina e o 13º do mundo, movimentando cerca de R$ 12 bilhões por ano, segundo a Newzoo. Além disso, empresas brasileiras já atraíram mais de US$ 20 bilhões em investimentos nesta década, conforme levantamento da XDS. No campo da exportação, o relatório Brazil Games revelou que o país ultrapassou a marca dos US$ 50 milhões em 2021, tendo os Estados Unidos e a América Latina como os principais destinos.
A volta oficial: Switch finalmente chega ao Brasil
Após cinco anos de ausência, a Nintendo anunciou oficialmente seu retorno ao Brasil em 18 de setembro de 2020, com o lançamento do Nintendo Switch em território nacional. O console, que já havia sido lançado globalmente em 2017 e acumulava mais de 61 milhões de unidades vendidas até então, finalmente passou a ser comercializado oficialmente no país, com preço sugerido de R$ 2.999.
Esse retorno foi possível graças a uma combinação de fatores. Em entrevista ao CNN Brasil , Bill van Zyll, diretor geral da Nintendo na América Latina, destacou a redução da carga tributária sobre videogames e uma reestruturação do modelo de distribuição como os principais motivadores para a decisão.
Temos grandes expectativas, já que o mercado brasileiro é o maior da América Latina…Quando decidimos voltar, levamos certo tempo para regularizar nossos produtos. Além disso, foi difícil conseguir disponibilizar o Switch, que não para de vender. Demoramos mais do que gostaríamos, mas estamos de volta.
E a expectativa fazia sentido: os resultados da Nintendo no período mostravam crescimento acelerado. Apenas entre abril e junho de 2020, foram vendidas 5,6 milhões de unidades do Switch, mais que o dobro do mesmo período do ano anterior (2,1 milhões). A receita líquida subiu 108%, enquanto o lucro operacional saltou impressionantes 427%, alcançando US$ 1,3 bilhão.
O sucesso refletiu diretamente no mercado financeiro. As ações da empresa na Bolsa de Tóquio subiram mais de 30% em 2020, e os ADRs da Nintendo listados em Wall Street cresceram quase 50% — desempenho alinhado com o de outras gigantes da tecnologia durante a pandemia.
Mesmo com o otimismo, a empresa não deixou de reconhecer os desafios locais. O câmbio instável e os custos de importação e distribuição no Brasil ainda impactam os preços.
Queremos levar nosso produto ao maior número de pessoas possível. É do nosso interesse que os preços sejam acessíveis. Mas fatores como o câmbio, impostos e taxas fazem com que esses valores variem
Na retomada de suas operações no Brasil, a Nintendo passou a vender o Switch por meio de grandes varejistas, como Americanas e Magazine Luiza. Também inaugurou a Loja Nintendo, com mais de 120 jogos digitais disponíveis e a assinatura do Nintendo Switch Online, que oferece jogatina online e acesso a clássicos de gerações passadas.
No entanto, os jogos em mídia física ficaram de fora dos planos imediatos, e acessórios como o Pro Controller e os pares de Joy-Con eram vendidos por preços elevados — R$ 469 e R$ 499, respectivamente.
A empresa ainda sinalizou que estudava a possibilidade de lançar o Switch Lite, versão exclusivamente portátil e mais acessível do console, no Brasil em 2021. Com preço sugerido de US$ 199 nos Estados Unidos, o modelo era aguardado por jogadores que buscavam uma opção mais econômica.
Hoje, já é possível encontrar produtos Nintendo mais acessíveis nas lojas brasileiras, especialmente com o auxílio de cupons e promoções. Além disso, a presença oficial da Big N em marketplaces como Amazon, Mercado Livre e Shopee, ampliou ainda mais o alcance da marca no país.
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A consolidação
Desde seu retorno, a Nintendo vem trabalhando para consolidar sua presença no país. Embora ainda opere com um catálogo físico limitado e sem sede oficial, a marca estabeleceu importantes parcerias de distribuição e ampliou sua atuação no digital. Com presença cada vez mais visível nas principais redes de varejo e em campanhas publicitárias localizadas, a empresa voltou ao radar do grande público.
Nos últimos anos, a participação em grandes eventos também sinalizou um esforço claro de reaproximação com o público brasileiro. Desde 2022 a Nintendo marcou presença na Brasil Game Show (BGS), com estandes disputadíssimos, sessões de jogatina e atrações exclusivas. Em 2024 e em 2025 reforçou esse compromisso ao participar da primeira edição da gamescom latam, realizada em São Paulo evento que reúne fãs e imprensa de toda a América Latina.
Além disso, FINALMENTE (sim, em caixa alta), a empresa começou a localizar seus jogos para o português do Brasil. E não estamos falando de qualquer título: são suas principais franquias, como The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom, Super Mario Bros. Wonder e Mario & Luigi: Brothership.
A esperança se fortalece ainda mais com o anúncio da localização de um jogo lançado há 9 anos: o emblemático The Legend of Zelda: Breath of the Wild, e Tears of the Kingdom também!
De forma rápida, olhando para trás, alguns dos Nintendistas foram criados quando a Nintendo estava no Brasil nos anos 90. Alguns desses fãs estão jogando com seus filhos. Isso mostra que é possível [se conectar com o público] e que nós criamos uma base de fãs muito forte, mas existe esse ‘intervalo’ e é por isso que é tão importante para nós estarmos no Brasil constantemente para que não tenhamos isso de novo.
Bill van Zyll, em entrevista a UOL
Essa nova fase da empresa mostra que, embora cautelosa, a Nintendo passou a encarar o Brasil como uma oportunidade concreta e estratégica. Com uma base instalada crescente, uma comunidade apaixonada e um mercado cada vez mais relevante, o retorno da Big N ao Brasil foi apenas o primeiro passo. Agora, o futuro parece cada vez mais promissor, especialmente com o Switch 2 à vista.